
O Ibovespa quebrou uma sequência de sete quedas consecutivas, encerrando o dia em alta de 0,19%, aos 135.510,99 pontos. A melhora foi impulsionada pela fala de Trump negando a demissão de Powell, o que trouxe alívio aos mercados globais no meio da tarde. O índice oscilou entre a mínima de 134.265 pontos e a máxima de 135.641, com volume financeiro robusto, em R$ 33,4 bilhões, favorecido pelo vencimento de opções sobre ações.
Ainda assim, o cenário permanece delicado. A abertura de investigação comercial pelos EUA elevou a percepção de risco em relação a exportadores brasileiros, afetando especialmente setores ligados ao agro e à indústria de transformação. No campo corporativo, o destaque positivo ficou com Pão de Açúcar (+10,66%), impulsionado por expectativas de venda de ativos e reestruturação. Entre as blue chips, Vale subiu 0,91% e Itaú, 0,49%. Na ponta negativa, Usiminas caiu 4,52% e Braskem recuou 4,51%, refletindo preocupações com custos e ambiente regulatório.
Dólar
O dólar à vista encerrou o dia com leve alta de 0,07%, cotado a R$ 5,5619, descolado do comportamento da moeda americana no exterior, que se enfraqueceu frente a pares fortes. O índice DXY caiu 0,23%, mas o real teve desempenho abaixo do esperado.
A explicação recai sobre fatores domésticos e específicos ao Brasil: a investigação comercial aberta pelos EUA, mesmo ainda em estágio inicial, representa mais um ponto de tensão na já desgastada relação bilateral. Além disso, dados indicam aumento na aprovação do governo Lula, o que aumenta a percepção de risco político para 2026, influenciando o comportamento da moeda.
No mês, o dólar já acumula alta de 2,35%, embora no ano ainda registre queda de 10%, indicando uma tendência de correção diante do aumento da aversão ao risco.
Juros
A curva de juros seguiu pressionada na parte longa, mesmo com a queda dos yields dos Treasuries americanos. O DI para janeiro de 2029 saltou de 13,631% para 13,715%, refletindo a reprecificação do risco Brasil em meio às incertezas comerciais e políticas.
Investidores adicionam prêmios à curva em resposta à escalada nas tensões com os EUA, agora sob risco de medidas tarifárias ou restritivas ao agronegócio brasileiro. Soma-se a isso a indefinição em torno da disputa sobre o aumento do IOF, que segue judicializada, e os desafios do governo para manter uma trajetória fiscal crível em um ano pré-eleitoral.
Apesar da manutenção da Selic em 15% ser o cenário base, o prêmio de risco tem impedido um alívio mais amplo na curva, sobretudo nos vencimentos mais longos.