
Ontem, o mercado financeiro brasileiro e internacional apresentou movimentos relevantes que merecem atenção. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) surpreendeu com um resultado acima das expectativas, gerando desconforto em relação ao cenário inflacionário. Nos Estados Unidos, o setor de empregos privados registrou variação mais robusta do que previsto, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre superou amplamente as estimativas, demonstrando força econômica americana.
Esses dados reforçaram a percepção de uma economia norte-americana resiliente, o que prejudicou o movimento de redução das taxas de juros locais, impulsionando uma valorização dos ativos financeiros naquele mercado. Durante a tarde, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) decidiu manter a taxa de juros nos EUA, seguindo uma tendência semelhante à manutenção da taxa Selic no Brasil. As decisões estavam alinhadas às expectativas do mercado e o foco agora recai sobre as comunicações dos bancos centrais para sinalizar futuras direções, inclusive a possibilidade de cortes de juros em ambos os países.
Resultados corporativos
No âmbito empresarial, diversos balanços trimestrais ganharam destaque nesta rodada. O Bradesco apresentou números considerados razoáveis, sem grandes avanços em relação ao primeiro trimestre, que havia sido muito forte. Ainda assim, o desempenho superou levemente o do Santander, embora nenhum dos dois resultados tenha causado impacto significativo.
A TIM evidenciou crescimento positivo na receita e melhoria nas margens na área de telefonia, confirmando a robustez do segmento principal da empresa. No entanto, os resultados da operação de fibra óptica continuam desapontando, configurando um desafio, ou “calcanhar de Aquiles”, para a tese de investimento, pois o segmento ainda não entregou os resultados esperados.
A Isa Energia (antiga TRPL4) divulgou um desempenho aquém do esperado. A queda na receita reflete o fim do recebimento da indenização da RBSE, que anteriormente gerava receita sem custos associados. Isso preocupa no que diz respeito à geração de caixa da companhia, especialmente diante do elevado volume de dividendos distribuídos atualmente.
Por fim, a Eco Rodovias reportou um aumento operacional robusto, com crescimento de receita, reajuste de tarifas e maior volume de veículos. Contudo, a empresa mantém uma alavancagem elevada, próxima a quatro vezes o EBITDA, resultado da dívida crescente. Essa situação acende um sinal de alerta, sobretudo em função dos investimentos relevantes que deverão ser realizados futuramente, o que desaconselha a continuidade em posições compradas no momento.
Indicadores econômicos recentes e agenda do dia
Os indicadores divulgados reforçam o cenário econômico atual, com destaque para o IGP-M e os dados dos Estados Unidos. O IGP-M, indicador importante para contratos de aluguel e reajustes de preços administrados, veio acima do previsto, indicando pressões inflacionárias persistentes.
Nos Estados Unidos, o crescimento acima do esperado tanto da criação de empregos privados quanto do PIB sinaliza maior robustez econômica, condicionando as decisões dos bancos centrais. A manutenção das taxas de juros, já conhecida, deixa o mercado atento às próximas comunicações e possíveis ajustes futuros.
Para esta quarta-feira, a agenda econômica reserva dados importantes que podem provocar volatilidade nos mercados. Na abertura, às 8h30, serão divulgados números orçamentários brasileiros, incluindo dados sobre a dívida pública, com impacto direto na percepção de risco fiscal.
Às 9h, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará a taxa de desemprego no país, um indicador central para avaliar as condições do mercado de trabalho e o potencial de consumo.
Nos Estados Unidos, às 9h30, destacam-se a divulgação do núcleo do Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (core PCE), principal medida de inflação perseguida pelo Fed, e os pedidos iniciais de seguro-desemprego, indicador importante do mercado de trabalho americano.
Além dos números econômicos, o mercado repercute as tarifas de importação de 50% negociadas, que, apesar de isenções para vários produtos, podem influenciar o comércio e o ambiente corporativo. A combinação desses fatores indica um dia com potencial para alta volatilidade.
Resumo dos indicadores:
- IGP-M: Inflacionou acima das expectativas, sinalizando pressões sobre preços;
- Emprego privado EUA: Crescimento superior ao previsto, refletindo força do mercado de trabalho;
- PIB 2º trimestre EUA: Expansão acima das projeções, reforçando robustez econômica;
- Decisão de juros: Manutenção nas taxas Selic e Fed sem surpresas, foco no comunicado;
- Bradesco e Santander: Resultados moderados, com leve vantagem para o Bradesco;
- TIM: Crescimento em telefonia positivo, fibra óptica ainda em recuperação;
- Isa Energia: Queda na receita por fim da indenização da RBSE, preocupa geração de caixa;
- Eco Rodovias: Crescimento operacional, mas alta alavancagem financeira e investimentos futuros;
- Agenda do dia: Dados fiscais e desemprego Brasil, núcleo PCE e pedidos de seguro-desemprego EUA;
- Tarifas de importação: Impacto potencial no ambiente econômico e empresarial.