
Investidores frequentemente se questionam entre escolher investimentos atrelados ao CDI ou ao IPCA+.
Um estudo recente da XP, elaborado pelas analistas Raquel Tsai e Mayara Rodrigues, traz uma análise detalhada comparando o desempenho desses indicadores ao longo do tempo e destacando suas características para diferentes horizontes de investimento.
Comparação histórica entre CDI e IPCA+
Na análise dos últimos 15 anos, o IPCA+ apresentou maior retorno real para investimentos de longo prazo, garantindo proteção contra a inflação.
Por outro lado, o CDI, com menor volatilidade, mostrou-se mais adequado para aplicações de curto prazo, porém com potencial de retorno real inferior em cenários inflacionários elevados.
A pesquisa avaliou diversos índices, incluindo o IDA-DI (débentures) e os indicadores IMA-B, IMA-B5, que agregam títulos públicos atrelados à inflação com prazos variados.
Nos 12 meses mais recentes, o CDI e o IDA-DI lideraram, enquanto em janelas mais longas, os índices atrelados ao IPCA tiveram desempenho superior.
Volatilidade e risco
O CDI possui volatilidade praticamente nula, pois é pós-fixado, o que o torna adequado para objetivos que demandem menor variação do patrimônio, como reservas de emergência.
Em contraponto, os títulos IPCA+ sofrem volatilidade significativa devido à sua parte pré-fixada vinculada à curva de juros e precificação dos riscos.
Essa volatilidade reflete a marcação a mercado, que pode fazer o preço dos títulos oscilar substancialmente em resposta a mudanças nas expectativas das taxas de juros futuras.
Por exemplo, durante a crise da pandemia, a volatilidade dos títulos IPCA+ atingiu patamares superiores a 20%.
Projeções e cenários atuais
Com a Selic atualmente em 15%, projeções indicam uma redução gradual para cerca de 12% ao final de 2026, acompanhada de uma inflação em tendência de queda, próxima a 4,8% para o final do ano.
Nesse cenário, no curto prazo (seis meses), o CDI tende a superar o IPCA+ devido à deflação pontual e atraso nos cortes da taxa básica de juros.
Em horizontes mais amplos, de três a cinco anos, o IPCA+ deve apresentar desempenho superior ao CDI, com maior retorno real acumulado.
No entanto, é importante considerar que dados atuais não incluem o efeito da marcação a mercado, que influencia a volatilidade dos títulos de inflação.
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Conclusão técnica: depende do perfil e do objetivo
O estudo reforça que a escolha entre CDI e IPCA+ deve considerar o perfil de risco, objetivos financeiros e horizonte de investimento.
CDI é adequado para quem busca menor volatilidade e liquidez para curto prazo.
Já o IPCA+ oferece proteção contra a inflação e maior potencial de retorno real no médio e longo prazo, embora com maior volatilidade.
Diversificar aplicando parte dos recursos em ambos os índices pode equilibrar retorno e risco, contribuindo para uma carteira otimizada.
Recomenda-se atenção à liquidez dos ativos e à composição total do portfólio para garantir alinhamento com metas financeiras.
Destaques recentes e contexto macroeconômico
Além da análise do CDI e IPCA+, essa semana o IPCA 15 apontou para uma deflação pontual.
Externamente, a moeda americana vem desvalorizando, favorecendo a valorização do real, enquanto a safra agrícola brasileira contribui para a redução dos preços de alimentos, influenciando positivamente o cenário inflacionário.
Apesar disso, persistem riscos fiscais e uma política fiscal expansionista que sustentam prêmios de risco elevados no mercado brasileiro.
Por isso, manter equilíbrio entre ativos de renda fixa pós-fixados e atrelados à inflação é fundamental para os investidores que desejam proteger o patrimônio e buscar melhores retornos ajustados ao risco.
Informações adicionais e fontes
O relatório completo, incluindo gráficos e projeções, está disponível na página de conteúdos da XP, com análises detalhadas sobre o mercado de renda fixa.
O material é baseado em projeções da equipe de economia da XP, considerando cenários futuros para a Selic e inflação.