
Renato Aragão, o eterno Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbo, é mais do que um comediante: é parte da memória afetiva do Brasil. Criador de um humor leve, acessível e cheio de carisma, ele conquistou gerações ao lado de Os Trapalhões.
Mas o que poucos sabem é que, nos bastidores, Renato sempre foi extremamente organizado — principalmente quando o assunto era seu patrimônio e o futuro da sua família.
Neste artigo, exploramos como ele preparou sua sucessão, quais decisões tomou e o que podemos aprender com sua visão estratégica.
“Arô? Só ieu!” – Uma vida que virou fortuna
Com mais de seis décadas de carreira, Renato Aragão construiu uma das trajetórias mais marcantes da televisão e do cinema brasileiros. Ao lado de Os Trapalhões, protagonizou sucessos que alcançaram audiências milionárias e se tornaram referência em humor popular.
Seu patrimônio é estimado em cerca de R$ 180 milhões, fruto não apenas de seus cachês artísticos, que chegaram a R$ 1 milhão mensais no auge da Rede Globo, mas também de participações societárias, rendimentos com produtos licenciados e direitos autorais de programas, filmes e personagens.
Entre os bens mais notórios está sua mansão no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, avaliada em R$ 18 milhões. A residência conta com piscina, campo de futebol, bosque e estrutura digna de uma estrela de sua grandeza. O imóvel é um símbolo da estabilidade conquistada com muito trabalho, disciplina e visão de longo prazo.
“Assôôô!” – O testamento e a divisão justa
Sabendo da importância de evitar conflitos e garantir a continuidade harmônica de seu legado, Renato Aragão formalizou um testamento detalhado. Nele, definiu a partilha de seu patrimônio da seguinte forma:
- 80% para seus quatro filhos do primeiro casamento: Paulo, Ricardo, Renato Jr. e Juliana;
- 20% para sua atual esposa, Lilian Taranto, com quem se casou em 1991 e teve sua filha caçula, Lívian Aragão.
O gesto revela não apenas organização, mas também sensibilidade. Renato sempre evitou polêmicas familiares e buscou tratar todos com igualdade e respeito. Ao reconhecer oficialmente os direitos de cada herdeiro, ele preveniu inseguranças que poderiam comprometer a paz familiar.
“Dá licença, caiu algo aqui no chão…” – Mas herança tem custo
Apesar de toda a previsão legal, herdar um patrimônio no Brasil exige preparação financeira. No estado do Rio de Janeiro, os herdeiros devem pagar o ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), cuja alíquota pode chegar a 8% para patrimônios elevados.
Somente sobre a mansão avaliada em R$ 18 milhões, o imposto de transmissão seria de R$ 1.440.000. Esse valor pode aumentar caso outros bens, rendimentos ou investimentos estejam em nome do patriarca.
Além do ITCMD, é preciso considerar:
- Honorários advocatícios para o inventário;
- Custas cartorárias e judiciais;
- Taxas de avaliação de bens;
- Gastos administrativos e eventuais litígios.
Esses custos podem consumir uma fração significativa da herança se o planejamento tributário e financeiro não estiver bem estruturado.
“Pó pará!” – A importância do planejamento
Renato Aragão não deixou o futuro da família à mercê da sorte. Com o apoio de juristas, contadores e consultores, elaborou um planejamento sucessório que alia segurança jurídica e responsabilidade familiar.
Esse planejamento:
- Define com clareza os direitos de cada herdeiro;
- Facilita a transmissão de bens sem burocracia excessiva;
- Evita disputas judiciais e desgastes emocionais;
- Protege o valor dos ativos, evitando sua dilapidação.
Sua esposa Lilian e seus filhos participaram do processo, garantindo transparência e alinhamento. Além disso, o uso de estruturas de governança familiar pode assegurar que futuras decisões relacionadas ao uso e à preservação do patrimônio respeitem a vontade original do patriarca.
“Tudo em riba?” – Aprendizado para todos nós
O caso de Renato Aragão é uma verdadeira aula de educação patrimonial. Ele nos ensina que:
- A fama pode passar, mas o planejamento permanece;
- O testamento é um ato de cuidado e responsabilidade, não de frieza;
- Prever custos, obrigações e o bem-estar de quem amamos é um gesto de amor.
Quantos artistas viram seus herdeiros brigarem na justiça por falta de um documento claro? Renato Aragão evitou esse destino. Por isso, sua imagem, sua obra e sua família permanecem em harmonia.
“Ouço vozes” – Mas o legado é coisa séria
Mesmo longe das telas, Didi continua presente na memória e no coração dos brasileiros. Seu legado é formado não apenas por personagens e bordões, mas por uma lição de integridade, responsabilidade e amor à família.
O que Renato Aragão construiu vai muito além do riso: ele edificou um exemplo de como viver com simplicidade, trabalhar com dignidade e deixar o mundo mais leve — até no momento de partir.
Esse legado, protegido por seu planejamento, permanecerá por gerações.
Imagem: Globo/ Ellen Soares