
O Ibovespa acumulou sua quinta queda consecutiva, encerrando a sessão com recuo de 0,41%, aos 136.187,31 pontos, atingindo o menor patamar desde 25 de junho. Na semana, a queda foi de 3,59% — a pior desde dezembro de 2022 — revertendo o ganho de 3,21% da semana anterior. O giro financeiro chegou a R$ 19,4 bilhões. No mês, o índice cede 1,92%, mas ainda apresenta alta acumulada de 13,22% no ano. Apesar da pressão externa, o avanço das commodities ajudou a limitar as perdas. As ações da Petrobras subiram (ON +0,40%; PN +1,21%) acompanhadas pelo petróleo, e a Vale ON avançou 1,30%, refletindo o repique do minério de ferro na China. Entre os destaques positivos, ficaram PetroReconcavo (+3,51%), MRV (+3,05%) e Prio (+2,20%). Entre as maiores quedas, Yduqs (-7,40%), BRF (-4,35%) e Marfrig (-4,17%). Itaú PN recuou 0,82%. O ambiente reflete uma deterioração na percepção de risco, em razão do “tarifaço” e de um possível isolamento do Brasil. Empresas com forte exposição aos EUA, como Embraer, Tupy e WEG, permanecem no foco do mercado. Ainda assim, o governo brasileiro descartou, por ora, pronunciamento oficial em cadeia nacional, o que foi interpretado como sinal de contenção institucional. Lula afirmou que “vai brigar em todas as esferas”, mas indicou, ao lado de Trump, possibilidade de diálogo.
Dólar
A sexta-feira foi marcada por nova rodada de aversão ao risco nos mercados internacionais, em meio à escalada das tensões comerciais promovidas pelos EUA. Trump sinalizou intenção de elevar a tarifa geral de importações para 15% a 20%, além de confirmar aumento das alíquotas para o Canadá (de 25% para 35%) e a iminente taxação da União Europeia. Autoridades canadenses e chinesas reagiram com críticas, acusando os EUA de minar a ordem econômica internacional.
Na Wall Street, os principais índices fecharam no campo negativo: Nasdaq (-0,22%), S&P 500 (-0,33%) e Dow Jones (-0,63%). O VIX saltou 5% pela manhã. Nos Treasuries, o juro da T-note de 2 anos avançava para 3,887%, e o da de 10 anos para 4,416%. No câmbio global, o DXY subiu 0,20%, com destaque para alta frente ao iene (147,43) e queda da libra (US$ 1,3501). O petróleo avançou com força: o WTI subiu 2,82% e o Brent, 2,51%, diante de tensões no Mar Vermelho após novos ataques houthis e controvérsia sobre produção da Arábia Saudita acima da cota da Opep+. O bitcoin renovou máxima histórica, ultrapassando US$ 118 mil, impulsionado por expectativas de corte de juros e avanços regulatórios nos EUA.
O dólar à vista fechou praticamente estável, cotado a R$ 5,5475 (+0,04%), após ter atingido R$ 5,5920 pela manhã. Na semana, acumulou alta de 2,26% frente ao real. No mercado futuro, o contrato com vencimento mais líquido encerrou a R$ 5.580,50 (+0,25%). O arrefecimento da moeda ao longo da sessão foi atribuído à leitura de que as tarifas anunciadas por Trump podem não se concretizar no patamar de 50%. Trump afirmou que poderá conversar com Lula “em algum momento”, sinalizando possível abertura para negociação. Lula descartou pronunciamento público imediato, o que contribuiu para alívio pontual nos mercados. No exterior, o DXY subiu 0,20%, a 97,800 pontos. A moeda americana avançou frente a emergentes como o rand sul-africano, mas perdeu força ante o peso colombiano.
Juros
Os juros futuros inverteram a alta da manhã e encerraram próximos da estabilidade, acompanhando o alívio nos mercados locais. O DI jan/26 subiu levemente para 14,945% (de 14,936%), o jan/27 foi a 14,330% (de 14,300%), o jan/28 subiu para 13,610% (de 13,579%) e o jan/29 fechou em 13,470% (de 13,462%).
A curva a termo local desacelerou, mesmo com a alta dos Treasuries no exterior, com o T-Bond de 30 anos em 4,961%. Analistas atribuíram esse descolamento à percepção de que o governo brasileiro poderá seguir com postura mais diplomática do que política frente ao tarifaço. No acumulado semanal, houve abertura generalizada na curva, puxada pelas incertezas externas e pela ata do Fed, que manteve tom cauteloso.
Dados de atividade doméstica — como o IPCA (0,24% em junho) e a PMS (+0,1% entre abril e maio) — reforçaram a leitura de arrefecimento econômico, mas foram ofuscados pelo cenário externo. A curva precifica 85% de chance de manutenção da Selic na reunião de julho, e 10% de chance de alta de 0,25 ponto.