
Resumo da Semana – Versão Resumida
Política Monetária Brasil
• O Copom manteve a Selic em 15% ao ano, encerrando o ciclo de alta iniciado em setembro de 2024 (quando estava em 10,50%). É o maior nível desde julho de 2006.
• A decisão foi unânime e reflete cautela diante do cenário externo incerto, afetado pelo tarifaço dos EUA, e da inflação doméstica ainda elevada.
• O BC sinalizou que deve manter a Selic nesse patamar na próxima reunião, em setembro, mas não descarta retomar os aumentos, se necessário.
Política Monetária EUA
• O Fed manteve os juros entre 4,25% e 4,5%, apesar da pressão de Trump por cortes. Dois membros defenderam redução imediata — fato raro em 30 anos.
• A decisão reflete preocupação com a inflação, agravada por novas tarifas e políticas imigratórias.
• A criação de empregos em julho foi fraca (73 mil), e o desemprego subiu para 4,2%. Trump demitiu a responsável pelos dados e alegou manipulação política.
Tarifas dos EUA
• Trump reduziu em média de 29% para 20% as tarifas de importação anunciadas em abril. Mas alguns países, como Canadá, tiveram aumento (de 25% para 35%).
• O Brasil segue com 10% básicos + 40% adicionais para alguns produtos. Porém, 42,5% das exportações brasileiras escaparam da tarifa extra — como o petróleo.
• Café arábica e carne bovina desossada congelada, importantes para os EUA, foram taxados em 50%.
Sanções a Alexandre de Moraes
• Os EUA impuseram sanções ao ministro do STF com base na Lei Magnitsky, por supostas violações de direitos humanos.
• Moraes agora pode ter cartões de crédito cancelados e contas bancárias bloqueadas, mesmo no Brasil, devido à conexão dos bancos com o sistema americano.
• O presidente Lula repudiou a sanção e expressou solidariedade.
Mercado Financeiro
• Na semana, a Bolsa brasileira caiu 0,80% (132.437 pontos) e o Dólar caiu 0,35%, fechando em R$ 5,54.
• No ano, a Bolsa brasileira sobe 10,1%; Dólar cai 10,2%; S&P EUA sobe 6,3%; Nasdaq EUA sobe 8,5%.
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Resumo da Semana – Versão Completa
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano, interrompendo um ciclo de alta iniciado em setembro do ano passado, quando a taxa básica de juros estava em 10,50%.
A última vez que a Selic esteve acima de 15% ao ano foi em julho de 2006. Em comunicado divulgado após sua reunião, o colegiado afirmou que o setor externo “está mais adverso e incerto” em função dos efeitos do tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, o que exigiria “particular cautela”.
No plano doméstico, destacou que, apesar de “certa moderação no crescimento ( da atividade econômica)”, o mercado de trabalho “ainda mostra dinamismo”. “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas ( longe das metas oficiais), projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz trecho do comunicado.
Ainda assim, o Copom antecipou que deve manter a Selic no mesmo patamar de 15% na sua próxima reunião, marcada para setembro.
Por fim, repetiu que “seguirá vigilante” e que os próximos passos da política monetária “poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue necessário”.
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve ontem as taxas de juros inalteradas, apesar da pressão contínua do presidente Donald Trump para reduzi-las.
A taxa de curto prazo foi mantida entre 4,25% e 4,5%, em meio a incertezas com uma série de políticas do governo que, na avaliação do Fed, poderiam prejudicar a economia nos próximos meses, incluindo tarifas mais altas e uma aplicação mais rigorosa das leis de imigração.
A decisão, porém, não foi unânime. Dois dos 11 integrantes do órgão – Christopher Waller e Michelle Bowman – defenderam o corte imediato dos juros. Foi a primeira vez em mais de 30 anos que dois governadores em exercício divergiram de uma decisão sobre juros.
O presidente do Fed, Jerome H. Powell, disse em entrevista que os dirigentes do banco central ainda estão preocupados com a possibilidade de que as políticas tarifárias de Trump provoquem inflação nos próximos meses. “Uma hipótese razoável é de que os efeitos sobre a inflação possam ser de curto prazo, refletindo uma mudança pontual no nível de preços.
Mas também é possível que os efeitos inflacionários sejam mais persistentes, e esse é um risco que precisa ser avaliado e administrado”, disse Powell, explicando a postura cautelosa na condução da política monetária.
Powell deu poucas pistas sobre quais condições poderiam levar o Fed a retomar os cortes de juros nas próximas reuniões, previstas para setembro ou outubro, repetindo que precisa avaliar uma série de dados antes de tomar qualquer decisão.
Além disso, O presidente Donald Trump informou ontem que ordenou a demissão da funcionária responsável pela compilação de estatísticas básicas sobre a economia dos EUA, após a divulgação de um relatório fraco sobre o mercado de trabalho, que mostrou um crescimento medíocre do emprego em julho e revelou grandes revisões para baixo nas contratações em maio e junho.
A economia americana criou apenas 73 mil empregos no mês passado, e revisões feitas pelo Departamento do Trabalho mostraram que as contratações foram muito mais fracas do que o relatado anteriormente em maio e junho.
A taxa de desemprego no país subiu para 4,2%. Sem provas, ele alegou que os números do emprego haviam sido manipulados para fins políticos. “Na minha opinião, os números do emprego de hoje ( ontem) foram manipulados para fazer os republicanos, e a mim, parecerem mal”, postou ele, em sua rede Truth Social, logo após anunciar que buscaria a demissão de Erika.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na noite de hoje uma nova ordem executiva estipulando tarifas mínimas para a importação de produtos de outros países. Em relação ao primeiro anúncio da nova política comercial norte-americana, no início de abril, as taxas caíram de 29% para 20%, em média.
As novas alíquotas começam a valer em 7 de agosto. O Brasil permanece com os 10% básicos que haviam sido determinados há quase quatro meses, mais a sobretaxa de 40% anunciada ontem para alguns produtos.
As taxas aplicadas pelos EUA agora vão de 10% a 41%. Em média, houve uma redução média de nove pontos percentuais ante as tarifas anunciadas em abril. As novas tarifas representam um recuo de Trump.
Para os 57 países que aparecem nas listas de tarifas divulgadas em abril e agora, a média do tarifaço caiu de 29% para 20%.
Uma das nações mais afetada pelas mudanças é o Canadá, que teve sua tarifa elevada de 25% para 35%. Madagascar, Ilhas Malvinas e Camboja tiveram reduções expressivas nas tarifas, acima de 30 pontos percentuais.
O Vietnã, que fechou acordo com os EUA, a Guiana, Liechtenstein, a Mauritânia, Botsuana e o Sri Lanka tinham taxas beirando os 40%, as quais, agora, estão variando entre 15% e 20%.
Apenas oito países vão pagar mais agora. São eles: Brunei, cuja taxa passou de de 24% para 25%, a República Democrática do Congo, de 11% para 15%; a Nigéria, de 14% para 15%; as Filipinas, de 17% para 19%; a Suíça, de 31% para 39%; Camarões, de 11% para 15%; além de Chad e Guiné Equatorial, que antes teriam uma tarifa básica de 13% para suas mercadorias e agora serão taxados em 15%.
Os EUA mantiveram as tarifas de quatro países iguais nas duas listas. A taxa para a Venezuela segue em 15%; a da Síria, em 41%; a da África do Sul, em 30%; a da Noruega, em 15%.
A ordem executiva da Casa Branca que confirma a adoção da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros vendidos aos EUA, assinada por Trump na quarta-feira (30/7), lista quase 700 produtos que ficarão isentos da taxa.
Trump impôs tarifas pesadas às exportações brasileiras, mas aliviou onde interessa aos EUA. Ele não quer inflação nesse momento crucial beirando o corte de juros. A lista de isenção da tarifa adicional de 40% é liderada exatamente pelo produto que o Brasil mais vende para os EUA: o petróleo.
No ano passado, os barris brasileiros exportados aos americanos somaram US$ 6,5 bilhões, segundo cálculos do próprio governo dos EUA. Cerca de 42,5% das exportações brasileiras aos EUA escaparam da tarifa mais alta, ficando sujeitas apenas à taxa de 10%.
No entanto, itens cruciais como café arábica e carne bovina desossada congelada foram taxados em 50%, apesar da forte dependência americana desses produtos. Confira a lista inteira no link https://www.whitehouse.gov/presidential-actions/2025/07/addressing-threats-to-the-us/
O anúncio, pelos Estados Unidos, da imposição de novas sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deve dificultar o acesso do magistrado brasileiro a uma série de serviços financeiros e de tecnologia.
As medidas contra Moraes foram impostas com base na Lei Magnitsky, uma das mais severas punições disponíveis para Washington contra estrangeiros considerados autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.
Há três consequências principais para quem é colocado na lista de sancionados pela legislação: proibição de viagem aos EUA, congelamento de bens nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar transações econômicas com o indivíduo penalizado.
Moraes já estava impedido de entrar em território americano. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, já havia anunciado, em 18 de julho, a revogação do visto do ministro, seus familiares e “aliados” — sem detalhar quem são esses.
O último ponto previsto pela lei, que trata das transações financeiras, é o que costuma causar maiores problemas às pessoas sancionadas pelos EUA. Isso significa, em tese, que os cartões de crédito de Moraes podem ser cancelados — mesmo se emitidos por bancos no Brasil — já que as empresas de cartões Visa, MasterCard e American Express são americanas.
Também existe a possibilidade do ministro ser impedido de manter conta em bancos brasileiros com ligação ao sistema americano, já que instituições financeiras de qualquer país que mantêm contas ou cartões para pessoas punidas pela Lei Magnitsky podem ser alvo de sanções.
Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou “solidariedade” a Moraes e disse que tentativas de interferência externa no Judiciário brasileiro é algo inaceitável.
A Bolsa de Valores registrou essa semana uma queda de 0,80% fechando aos 132.437 pontos. Já o dólar fechou em queda de 0,35% cotado a 5,54/usd. No ano, a bolsa brasileira sobe 10,1% e o dólar cai 10,2%. Nos EUA, o S&P sobe 6,3% e o Nasdaq sobe 8,5% no ano.
Fonte: Bloomberg